Foi na década de 90 que em Portugal começou a existir algum tipo de interesse sobre o tema de táxis acessíveis. Através do aparecimento de um conjunto de leis que embora ainda não fossem em número suficiente, já vinham em boa altura para se tentar um desenvolvimento de um projecto desta envergadura.
Projecto este que apenas se resumiu a uma pequena frota de 11 táxis de tipo inglês, que serviam uma área predominante no sul do país como por exemplo Lisboa, Algarve e Alentejo.
O atraso do nosso país relativamente a este tema não era deveras preocupante, pois em termos comparativos com o nosso país vizinho, apenas estávamos atrasados uma década visto que foi em 1980 que se iniciou a rede espanhola de táxis acessíveis.
Actualmente já temos razões para ser mais pessimistas, pois no país vizinho existem cerca de 3 mil táxis adaptados ao transporte de pessoas em cadeira de rodas, ao inverso de Portugal que ainda só teve a tentativa fracassada referida anteriormente.
Neste momento o número de táxis acessíveis em Portugal deveria de ser 600, isto se formos a comparar em termos populacionais os dois países. Visto que ate a partida apenas se conhecem a existência de 3, (Maia, Valongo, Famalicão) e se nos auto intitulamos um país moderno e dedicado ao turismo como os “nuestros hermanos” ainda temos muito que batalhar, sendo este apenas um exemplo de que vale apena investir nesta área.
O fracasso desta tentativa de implementação de táxis acessíveis em Portugal na década de 90 teve inúmeras razões tais como:
-Os veículos em questão eram do tipo inglês ou seja de elevada cilindrada, o que levava a um acréscimo de custos, tanto do preço base como no consumo de combustíveis;
-Área geográfica servida irregular, má distribuição destes, agravada pela falta de informação quanto à existência destes e ainda não servia os potenciais mercados como por exemplo aeroportos, hospitais, hotéis, etc);
-A inexistência de um sistema de telecomunicações que melhorasse a procura e controlasse a gestão económica das deslocações;
-Benefícios fiscais em nada estimulantes que equilibrassem os acréscimos de custos e falta de incentivos ao uso do táxi junto do público-alvo (táxi – card, subsidio para transporte em táxi, etc.);
-Inexactidão quanto ao uso variado por parte de todos os potenciais clientes isto é, os clientes não deficientes preteriam, com algum constrangimento a utilização dos veículos adaptados a deficientes e que possuíam a polivalência de transporte de qualquer pessoa.
Desde a década de 80 observou-se um aumento de oferta, que agregado ao medo do lançamento de novas licenças pudesse esconder meios ilícitos de aumento dos efectivos das frotas, que por consequência dificultou a inserção destes táxis.
Além dos factores acima referidos, que agravaram a implementação deste projecto, acresce a mentalidade da população portuguesa, de então, que tinha uma forma peculiar de olhar para a sociedade das pessoas com deficiência/incapacidade, que nem sempre era benéfica na integração desta, mas que pelo menos hoje em dia mudou para melhor como todos os leitores/seguidores podem corroborar.
Em suma, estamos perante uma enorme “deficiência” na capacidade de resolução social dos problemas das pessoas efectivamente com deficiência!