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quinta-feira, 3 de março de 2011

Os táxis são necessários


   Sem deixar cair em esquecimento, o que infelizmente quase nunca acontece, fomos ao encontro do principal objectivo deste tema “Táxi Acessível” ou seja fomos requisitar a intervenção neste blogue dos utilizadores fulcrais destes táxis adaptados, as pessoas com mobilidade reduzida para ouvir as suas necessidades, o que poderia ser melhorado em sua opinião em relação a este tema e ainda ouvir a sua reacção ao comunicado feito pelo presidente da ANTRAL. E para tal representação segue-se o testemunho de um amigo, de nome Fernando Neves residente na cidade de Mirandela, testemunho este abaixo referenciado e que começa com um título bem elucidativo.

OS TÁXIS SÃO NECESSÁRIOS

   Integrar é um “atrevimento” a que só alguns se propõem. É tão grande a dificuldade, em tornar as coisas equilibradas, que só mesmo gente “doida”, arrojadamente diferente investe nesta aspiração. O país, graças (ou desgraça) à verborreia política, produz vontades e ferramentas suficientes para que a integração/inserção social se faça progressivamente, prevenindo o que amanhã, por efeito do envelhecimento pode ser um fardo social. Ter no cidadão deficiente - geralmente pessoa com mobilidade reduzida - um contribuinte, é mais necessário que mantê-lo como beneficiário. Assim se faz nos países a norte de Portugal. 

   A via mais eficaz para que um indivíduo com mobilidade reduzida, possa incorporar a vontade de contribuir, é criar-lhe condições, eliminando barreiras, para que o acesso à escola e ao trabalho seja garantido. Sem favor, ou qualquer outra espécie de sentimento menor, porque este é um direito constitucional (artª 71º da CRP).

   A ideia do táxi acessível vem ao encontro desta necessidade de autonomia e independência que têm as pessoas com dificuldades na sua mobilidade, a fim de vencer distâncias indo em busca de modos de vida que “confiram”, a seu tempo, a qualidade de contribuinte. Um país moderno, desenvolvido e “saudável”, investe em tudo o que for necessário para que os seus cidadãos reúnam condições para se tornarem bons contribuintes. Optimizar transportes reduzem a despesa nacional, e contribuem para melhorar o ambiente deve e tem de ser preocupação nacional.

   O comunicado feito pelo presidente da ANTRAL, desculpem o atrevimento, o chavão se quiserem: é todo ele sustentado numa lógica de cifrões, e desmesuradamente preconceituoso. Num país em que as pessoas se afirmam pela compra de carros de marca, importados; em bom estado evidentemente mas com vários donos, seminovo, fica-nos pouco para perceber o mundo que nos rodeia, não evoluímos: regredimos. As afirmações feitas pelo Sr. Florêncio Almeida confirmam o que disse no inicio deste texto “é um atrevimento supor que se pode utilizar o transporte que sendo público não é para todos porque “as pessoas sem deficiência não querem viajar em táxis próprios para deficientes”, mas há pessoas com deficiência que contribuem com os seus impostos para que o estado possa comparticipar na compra de um táxi! Não devem ter retorno desta contribuição?

   A vós rapazes e raparigas que sois “gente doida”, e por isso vos metestes nesta tarefa, desejo que sejais persistentes e pacientes e que se cumpra o provérbio da água que sendo mole em pedra dura bate tanto que até fura.

   Concluo, dizendo que sou paraplégico, funcionário público há 32 anos, fui obrigado a ter automóvel próprio para poder manter o emprego, várias vezes me recusaram táxi e parece que ainda hoje existe essa vontade.

   Caros leitores após leitura deste testemunho, nós fundadores de blogue achamos que não é possível ficar indiferente a esta batalha, que há muito tempo é travada por este nosso amigo e por muitos outros seres humanos com mobilidade reduzida. Ficamos especialmente sensibilizados e gratos pelo elogio de “gente doida”, pois é com este espírito de “doidos” que prometemos trabalho árduo, tal e qual um trabalho de mineiro até que a pedra dura comece a ceder até por fim furar. Se existir um pequeno mineiro em cada um de nós, a batalha “acessibilidade” será mais fácil de combater.

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